Solidariedade e vida após a morte
Apesar do título sugestivo não vou, ao menos por hora, aprofundar em nenhum dos temas provocados. Acho que seria bom registrar algumas impressões antes de falar sobre estes assuntos tão espinhosos, contudo, muito interessantes.
Um medo inato do ser humano é com a morte. Mas que medo estranho é esse? Reparou que os animais não a temem? Digo, no contexto em que a tememos. Veja que um cão velho não perde um cochilo sequer por causa da preocupação com a chegada da sua morte. Mesmo os animais doentes, vivem o melhor que podem sempre. Eles se auto preservam mais para evitar a dor do que a morte. Já os humanos preferem, via de regra, a dor do que a morte. O ser humano é o único animal que consegue morrer antes da morte. Note que a notícia de uma doença incurável nos leva, no mais das vezes, a uma depressão profunda. A vida perde o brilho mesmo antes que a doença se manifeste. Tememos a morte mesmo sadios e jovens. Nossa cultura, particularmente, fica muito pouco a vontade ao abordá-la. O assunto chega a ser um tabu.
Lembro de um anúncio que vi no intervalos de um filme que me marcou muito. Já do filme eu nem me lembro mais. A tela escrevia a pergunta: "Existe vida após a morte?". A pergunta sumia em fade out. Em seguida, lentamente em fade in a resposta aparecia: "Sim. Doe seus órgãos". Achei fantástico.
Não é engraçado como nosso maior medo tenha a ver com nosso egoísmo? Veja que gostaríamos que houvesse vida após a morte para que continuemos a viver. Mas porque continuar a viver?
O excelente anúncio, acho que do Ministério da Saúde, ou coisa que valha, que focava no aumento das doações, acertou em cheio. A vida sem solidariedade não tem valor. A solidariedade é amor ao próximo, acima de nossa própria vida muitas vezes. Percebeu que desejamos a vida eterna para nós e, quando o sentimento é mais nobre, para não perder os que amamos? De qualquer forma o foco é nosso sofrimento. Sofremos ao saber que somos mortais e que todos que amamos também o são.
Creio que foi Orson Welles que disse: "Nós nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e morremos sozinhos. Somente através do amor e das amizades é que podemos criar a ilusão, durante um momento, de não estarmos sozinhos". O pensamento é um pouco duro, mas poderíamos reformular a ideia para: "Vivemos na ilusão de nascermos sozinhos, vivermos sozinhos e morrermos sozinhos. Mas, através das amizades e do amor (ao próximo e a Deus) percebemos que, na realidade, nunca estamos sozinhos".
Lembro da história do adivinho que ao visitar um reino respondeu ao rei que só temia a morte: - Vossa majestade enterrareis a todos vossos inimigos mas também a todos que amais. O adivinho foi jogado na masmorra. Outro adivinho, mais sábio, disse: - Vossa majestade vivereis mais que todos vossos inimigos ou vossos amados. Ele foi coberto de ouro. Todos queremos viver muito, mas ninguém deseja sofrer perdas.
Não devemos ter medo de morrer, mas de deixar de viver. Porque deixaremos um vazio e tristeza.
Fica a mensagem ao menos. Nossa vida deve se focar na solidariedade para com o próximo a ponto de quando chegar nossa hora tenhamos certeza de que tudo que foi possível fazermos para nossos irmãos foi feito e, talvez, possamos continuar a fazer posteriormente mesmo depois da nossa morte deixando algo para os que, com certeza, ainda viverão após nossa partida. Não devemos nunca esquecer que haverá vida após nossa morte. Talvez assim restará muito mais vida até para nós mesmos, durante e após a morte.
Para mais sabedoria:
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