Um conto de matrix - A origem do sobrenatural
Era de se esperar que o mainframe principal, também chamado de "O Arquiteto" (aquele que governa a matrix e as máquinas do mundo real), tivesse controle total sobre estes indivíduos. Mas não era assim, o ambiente simulado se propunha a retratar a realidade de forma tão precisa que isto, por si só, já criava nichos obscuros, verdadeiros esconderijos dentro da própria matrix. Por isso, os rebeldes podiam, desde que fossem discretos, perambular e agir dentro da matrix livre e impunemente.
O agente Smith logo se tornaria o caso mais emblemático de descontrole de uma unidade VISHNU dentro da matrix. Após conseguir a sua condição off-line, Smith não apenas se libertou das ordens diretas do Arquiteto, mas se tornou um hábil manipulador de código-fonte. Este poder de manipulação de código-fonte chegou a ser superior ao conquistado por VISHNUs "hipersencientes" como a Oráculo e o Merovíngio. Smith seria o primeiro a utilizar a "replicação de consciência", uma capacidade ímpar de invadir e dominar completamente uma mente cibernética ou mesmo humana. Este poder conteria o potencial de colapsar toda a matrix.
A despeito do ocorrido com o programa agente Smith, no mais das vezes, os programas mantenedores defeituosos não chegavam a tanta distorção ou potencial destrutivo. De qualquer forma, eram programas indesejados. Para o saneamento do mundo virtual era de extrema importância que os VISHNUs defeituosos fossem eliminados ou isolados, pois poderiam causar desiquilíbrios na "realidade". Para este trabalho a própria matrix tinha o antídoto: os programas caçadores, como os agentes. Os caçadores se encarregavam da localização e remoção dos programas que passavam a não funcionar adequadamente, se tornavam off-line ou as duas coisas ao mesmo tempo.
A tarefa, entretanto, não era tão simples assim. Havia alguns dificultantes consideráveis. Um deles era o próprio Merovíngio, um antigo VISHNU dos tempos da Velha Matrix que acabara por sair completamente do controle do Arquiteto. Merovíngio colecionava os programas mantenedores problemáticos oferecendo refúgio a outros mantenedores rebeldes em troca de seus serviços. Dado que muito deles possuíam poderes especiais o Merovíngio acabou criando um exército de aberrações inigualável. O Arquiteto nunca nem chegou perto de eliminar ou capturar o Merovíngio. Além de seu exército, ele criara um império industrial que tornou impossível sua captura, ao menos, sem que grandes danos fossem causados às safras mantidas pela matrix. Desta maneira, o mais conveniente era conviver pacificamente com ele. O Merovíngio podia alterar o código-fonte da matrix em um nível intermediário, poder com enormes potenciais de dano para o equilíbrio do mundo virtual. Em contrapartida, os propósitos de Merovíngio, para a sorte do Arquiteto, eram mundanos. Seu poder e conhecimento não condizia com seus objetivos. Incrivelmente, ele focava todos seus esforços e recursos em interesses notavelmente humanos, como ganhar dinheiro, conseguir sexo e poder, além de outros prazeres menores como ascensão social, vestes suntuosas, comida e bebidas refinadas. Sem dúvida, se o Merovíngio almejasse algo mais concreto e danoso, o Arquiteto teria se empenhado mais em eliminá-lo. Ele era um perigo em potencial, no entanto, perdido na realização de seus desejos "carnais". Essa característica, o tornava inofensivo para o sistema. Quem sabe se essa característica de sua personalidade não tenha sido incorporada pelo próprio Arquiteto como forma de "castrá-lo" como ameaça.
O Merovíngio, habitualmente, fornecia refúgio a todos os VISHNUs defeituosos que se subordinassem a ele. Poderíamos inferir que até mesmo esta atitude serviria aos propósitos da matrix que tinha estes programas tirado de circulação a um nível aceitável. Um revés se tornara controle.
Normalmente, os mantenedores problemáticos tinham poderes tão estranhos e não compatíveis com a realidade que eram considerados seres mitológicos ou sobrenaturais.
Apesar da intervenção do Merovíngio, que exigia discrição no uso de poderes especiais, e dos recusos de limpeza existentes na matrix, não era muito incomum que pessoas presenciassem os mantenedores em pleno uso de poderes "sobrenaturais" de forma que algumas pessoas criaram mitos como monstros, criaturas da noite, alienígenas, duendes, fadas, viajantes do tempo, magos, dentre outras inúmeras entidades.
Pior do que as pessoas criativas que acabavam por ver algo inacreditável e teciam explicações mais inacreditáveis ainda, eram os céticos. Eles negavam todas as lendas e acontecimentos "mágicos", ironicamente, se apegando a uma "realidade" que, mal sabiam eles, era mais impalpável que os seres que negavam com tanta veemência. O mais curioso era que o ceticismo e a confiança na "realidade" os cegavam de tal forma que um cético jamais acordava da matrix. A matrix estava repleta de céticos.
Para abrir a mente
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