Pensamento Híbrido e IA - A Extinção da Raça Humana
Trinta anos. Talvez menos. Este é o período aproximado que resta para a raça humana. Pelo menos, para a raça humana como a conhecemos hoje. Novamente, Ray Kurzweil, o futurólogo da Google está pincelando seus vislumbres proféticos.
Recentemente, li um de seus livros mais famosos: "A Era das Máquinas Espirituais". Realmente, ele nos faz pensar. Sua visão do futuro é, no geral, otimista, mas mesmo ele não nega as possíveis implicações negativas.
De forma geral, a tese que discutirei aqui, baseado no livro de Kurzweil, invalida parcialmente o que eu disse no meu artigo "Inteligência Artificial - A Busca pela Alma Perdida". Lá está clara a divisão entre homens e máquinas. Seriam duas "raças" diferentes, no caso, a nova raça, as máquinas pensantes, evoluiriam mais rápido que nós, seres baseados em carbono, de forma que inevitavelmente nos superariam como raça dominante do planeta. Neste momento seria impossível prever as consequências para a humanidade, até porque as decisões não mais estariam em nossas mãos, ao menos integralmente.
Nesta nova visão, mais um aspecto entra na equação "homem versus máquina": a fusão. Sim, a fusão entre homem e máquina. Um ser com partes humanas e componentes cibernéticos. Este novo ser teria mudanças cerebrais tão sofisticadas que seu pensamento e sua percepção do mundo seria uma coisa totalmente nova. Claro que o produto deste cruzamento não seria instantâneo ou repentino, mas se daria de forma tão gradativa que seria quase inevitável a migração das pessoas para esta nova tecnologia, por mais radical que o resultado final seja. O fenômeno seria similar à aceitação de aparelhos celulares, mas acredito que em uma escala muito mais ampla e contundente. Na abrangência, mesmo os mais resistentes já possuem um telefone celular, querendo ou não. Na verdade, chamar estes aparelhos de telefones já nem é mais apropriado, seria melhor definir como um mini computador com telefone. Não ter já significa ser excluído socialmente, quase renegados. Experimente não ter whatsapp. Não vão mais te convidar para nenhuma festa, no mínimo. Na acessibilidade, o custo vem caindo sem parar. Na utilidade, há aparelhos para todos os perfis, tais como nerds, homens de negócios, crianças, idosos, casuais e por aí vai. Poucos são os que sobreviveram a esta onda inexorável de aparelhos celulares. Agora, imagine onda semelhante no que tange a melhorias cibernéticas, tais como implantes oculares que lhe possibilitariam enxergar comprimentos de onda luminosa que normalmente não enxergamos como o infravermelho e o ultravioleta. Poderíamos ver luzes como o facho invisível do controle remoto, escorpiões brilhantes, manchas ocultas na pele e nas roupas e até reconhecer dinheiro falso só de olhar para ele. Se o negócio cair no gosto popular, qualquer um que não tivesse tal implante, seria considerado quase um deficiente. O mesmo é válido para implantes cocleares que já estão permitindo que surdos ou deficientes auditivos ouçam pela primeira vez nas suas vidas. Para os implantes neurais será um pulo. Estes implantes já são realidade e logo estarão ampliando nossa capacidade cerebral, melhorando nossa memória, velocidade de pensamento e sabe lá o que mais.
Chegamos aqui ao pensamento híbrido, idealizado por Kurwzeil. Previsto para as próximas décadas, este seria o início da fusão de duas espécies, ainda que as máquinas, ainda não sejam uma espécie propriamente dita. Por esta ótica talvez elas nunca sejam. Sua ascensão talvez seja tão simbiótica com os seres humanos que uma máquina com IA pura seja ineficiente, impensável, incompleta ou inferior. Da mesma forma que máquinas puras não existiriam por inconveniência de algum tipo, pode ser que ser um humano puro seja tão inadequado quanto. Talvez já saiamos da maternidade do futuro com dúzias de implantes neurológicos que nos assegurariam uma unidade com nossos pais, que seriam capazes de saber se os seus bebês tem cólica, fome, sede, cócegas, insônia, febre e por aí vai... Troca de bebês na maternidade será coisa de novela de época. Crianças perdidas, desaparecidas ou sequestradas serão parte de um novo gênero de terror com fundo moral a se contar para os filhos mais levados e arteiros.
Qual pai desnaturado não acataria a tais implantes? Sim, muitos. Sempre haverá resistência, mas não há dúvida que a maioria esmagadora adotará as novas tendências. Seja em prol dos filhos ou nosso, os benefícios compensarão os ônus.
Kurzweil prevê que esta tecnologia seria baseada e auxiliada pela tecnologia dos nanorrobôs, dispositivos minúsculos e robóticos que nos conectariam a uma espécie de rede universal na nuvem. O fruto de nosso pensamento, fatalmente, seria "contaminado" por esta nova fonte de informação gerando o chamado pensamento híbrido. Este tipo de pensamento e simbiose entre máquina e humanos seria o início da extinção da raça humana como a conhecemos hoje e formataria uma IA totalmente nova e mais próxima dos humanos. Se a IA existir independentemente nesta conjuntura, ela seria muito mais humana visto que teria absorvido muito da nossa essência no processo. Agora, se isto é positivo, somente o tempo dirá. Por outro lado, talvez sejamos capazes de fazer cópias de segurança de nossas ideias e quem sabe isto não progrida para backup de nossas personalidade e individualidade. Sim, Kurzweil entende que seremos imortais. Ele acredita que poderá ter sua mente transportada integralmente para o meio artificial, se safando da famigerada morte. As implicações desta ideia são enormes e quase que inimagináveis. Talvez não haveremos sequer de pensar em personalidade, visto que seríamos tão unificados em pensamento que quase que seríamos uma só mente. Isso me lembra os assustadores Borgs de Star Trek ou Jornada nas Estrelas. Os Borgs eram seres cibernéticos simbióticos que não tinham mais individualidade. Todos eram um e um eram todos. Qualquer semelhança é mera coincidência, mas talvez Kurzweil não tenha sido o primeiro a ter um vislumbre do futuro sob esta ótica inacreditável, já que os Borgs foram criados no século passado.
O futurólogo chega a dizer que isso nos aproximaria mais de Deus. Disse ele: "Há beleza, amor, criatividade e inteligência no mundo e tudo isso vem do neocórtex. Nós poderíamos ser capazes de expandir o neocórtex e, por isso, nos tornaríamos mais semelhantes a Deus. Estamos adicionando níveis de abstração e criando meios mais profundos de expressão, de modo que vamos ser mais musicais, engraçados, sensuais e melhores em expressar sentimentos mais amorosos". Em tempo, o cientista acredita que nanomáquinas agiriam exatamente no neocórtex, porção mais desenvolvida do cérebro, ampliando nossa capacidade de pensamento com informações na nuvem. Uma passagem bíblica todavia me incomoda um pouco. No evangelho de Marcos encontramos uma passagem onde um poderoso demônio que dominava um homem dando-lhe imensa força se identifica como Legião, explicando que este nome se justificava pois ele não era sozinho: "Meu nome é Legião, pois nós somos muitos". Creio que foi uma das primeiras menções da consciência coletiva. Vale lembrar que os demônios eram anjos que queriam se equiparar a Deus.
Difícil dizer o quanto destas previsões se concretizarão. Contudo, não há dúvida que nossa espécie caminha inexoravelmente para uma trilha sem volta. Um dia, com certeza seremos menos humanos que hoje, mas se pensarmos bem, não sabemos nem quando nos tornamos humanos de fato. Na verdade, estamos constantemente evoluindo e este será um novo passo, mesmo que o maior que a humanidade já tenha dado, mas ainda assim um passo. Um passo para a criação de uma nova espécie, um passo para uma nova consciência do mundo e, quem sabe, um passo em direção a Deus. E apenas o tempo dirá se este passo consistirá de um passo ou um enorme tropeço.
Recentemente, li um de seus livros mais famosos: "A Era das Máquinas Espirituais". Realmente, ele nos faz pensar. Sua visão do futuro é, no geral, otimista, mas mesmo ele não nega as possíveis implicações negativas.
De forma geral, a tese que discutirei aqui, baseado no livro de Kurzweil, invalida parcialmente o que eu disse no meu artigo "Inteligência Artificial - A Busca pela Alma Perdida". Lá está clara a divisão entre homens e máquinas. Seriam duas "raças" diferentes, no caso, a nova raça, as máquinas pensantes, evoluiriam mais rápido que nós, seres baseados em carbono, de forma que inevitavelmente nos superariam como raça dominante do planeta. Neste momento seria impossível prever as consequências para a humanidade, até porque as decisões não mais estariam em nossas mãos, ao menos integralmente.
Nesta nova visão, mais um aspecto entra na equação "homem versus máquina": a fusão. Sim, a fusão entre homem e máquina. Um ser com partes humanas e componentes cibernéticos. Este novo ser teria mudanças cerebrais tão sofisticadas que seu pensamento e sua percepção do mundo seria uma coisa totalmente nova. Claro que o produto deste cruzamento não seria instantâneo ou repentino, mas se daria de forma tão gradativa que seria quase inevitável a migração das pessoas para esta nova tecnologia, por mais radical que o resultado final seja. O fenômeno seria similar à aceitação de aparelhos celulares, mas acredito que em uma escala muito mais ampla e contundente. Na abrangência, mesmo os mais resistentes já possuem um telefone celular, querendo ou não. Na verdade, chamar estes aparelhos de telefones já nem é mais apropriado, seria melhor definir como um mini computador com telefone. Não ter já significa ser excluído socialmente, quase renegados. Experimente não ter whatsapp. Não vão mais te convidar para nenhuma festa, no mínimo. Na acessibilidade, o custo vem caindo sem parar. Na utilidade, há aparelhos para todos os perfis, tais como nerds, homens de negócios, crianças, idosos, casuais e por aí vai. Poucos são os que sobreviveram a esta onda inexorável de aparelhos celulares. Agora, imagine onda semelhante no que tange a melhorias cibernéticas, tais como implantes oculares que lhe possibilitariam enxergar comprimentos de onda luminosa que normalmente não enxergamos como o infravermelho e o ultravioleta. Poderíamos ver luzes como o facho invisível do controle remoto, escorpiões brilhantes, manchas ocultas na pele e nas roupas e até reconhecer dinheiro falso só de olhar para ele. Se o negócio cair no gosto popular, qualquer um que não tivesse tal implante, seria considerado quase um deficiente. O mesmo é válido para implantes cocleares que já estão permitindo que surdos ou deficientes auditivos ouçam pela primeira vez nas suas vidas. Para os implantes neurais será um pulo. Estes implantes já são realidade e logo estarão ampliando nossa capacidade cerebral, melhorando nossa memória, velocidade de pensamento e sabe lá o que mais.
Chegamos aqui ao pensamento híbrido, idealizado por Kurwzeil. Previsto para as próximas décadas, este seria o início da fusão de duas espécies, ainda que as máquinas, ainda não sejam uma espécie propriamente dita. Por esta ótica talvez elas nunca sejam. Sua ascensão talvez seja tão simbiótica com os seres humanos que uma máquina com IA pura seja ineficiente, impensável, incompleta ou inferior. Da mesma forma que máquinas puras não existiriam por inconveniência de algum tipo, pode ser que ser um humano puro seja tão inadequado quanto. Talvez já saiamos da maternidade do futuro com dúzias de implantes neurológicos que nos assegurariam uma unidade com nossos pais, que seriam capazes de saber se os seus bebês tem cólica, fome, sede, cócegas, insônia, febre e por aí vai... Troca de bebês na maternidade será coisa de novela de época. Crianças perdidas, desaparecidas ou sequestradas serão parte de um novo gênero de terror com fundo moral a se contar para os filhos mais levados e arteiros.
Qual pai desnaturado não acataria a tais implantes? Sim, muitos. Sempre haverá resistência, mas não há dúvida que a maioria esmagadora adotará as novas tendências. Seja em prol dos filhos ou nosso, os benefícios compensarão os ônus.
Kurzweil prevê que esta tecnologia seria baseada e auxiliada pela tecnologia dos nanorrobôs, dispositivos minúsculos e robóticos que nos conectariam a uma espécie de rede universal na nuvem. O fruto de nosso pensamento, fatalmente, seria "contaminado" por esta nova fonte de informação gerando o chamado pensamento híbrido. Este tipo de pensamento e simbiose entre máquina e humanos seria o início da extinção da raça humana como a conhecemos hoje e formataria uma IA totalmente nova e mais próxima dos humanos. Se a IA existir independentemente nesta conjuntura, ela seria muito mais humana visto que teria absorvido muito da nossa essência no processo. Agora, se isto é positivo, somente o tempo dirá. Por outro lado, talvez sejamos capazes de fazer cópias de segurança de nossas ideias e quem sabe isto não progrida para backup de nossas personalidade e individualidade. Sim, Kurzweil entende que seremos imortais. Ele acredita que poderá ter sua mente transportada integralmente para o meio artificial, se safando da famigerada morte. As implicações desta ideia são enormes e quase que inimagináveis. Talvez não haveremos sequer de pensar em personalidade, visto que seríamos tão unificados em pensamento que quase que seríamos uma só mente. Isso me lembra os assustadores Borgs de Star Trek ou Jornada nas Estrelas. Os Borgs eram seres cibernéticos simbióticos que não tinham mais individualidade. Todos eram um e um eram todos. Qualquer semelhança é mera coincidência, mas talvez Kurzweil não tenha sido o primeiro a ter um vislumbre do futuro sob esta ótica inacreditável, já que os Borgs foram criados no século passado.
O futurólogo chega a dizer que isso nos aproximaria mais de Deus. Disse ele: "Há beleza, amor, criatividade e inteligência no mundo e tudo isso vem do neocórtex. Nós poderíamos ser capazes de expandir o neocórtex e, por isso, nos tornaríamos mais semelhantes a Deus. Estamos adicionando níveis de abstração e criando meios mais profundos de expressão, de modo que vamos ser mais musicais, engraçados, sensuais e melhores em expressar sentimentos mais amorosos". Em tempo, o cientista acredita que nanomáquinas agiriam exatamente no neocórtex, porção mais desenvolvida do cérebro, ampliando nossa capacidade de pensamento com informações na nuvem. Uma passagem bíblica todavia me incomoda um pouco. No evangelho de Marcos encontramos uma passagem onde um poderoso demônio que dominava um homem dando-lhe imensa força se identifica como Legião, explicando que este nome se justificava pois ele não era sozinho: "Meu nome é Legião, pois nós somos muitos". Creio que foi uma das primeiras menções da consciência coletiva. Vale lembrar que os demônios eram anjos que queriam se equiparar a Deus.
Difícil dizer o quanto destas previsões se concretizarão. Contudo, não há dúvida que nossa espécie caminha inexoravelmente para uma trilha sem volta. Um dia, com certeza seremos menos humanos que hoje, mas se pensarmos bem, não sabemos nem quando nos tornamos humanos de fato. Na verdade, estamos constantemente evoluindo e este será um novo passo, mesmo que o maior que a humanidade já tenha dado, mas ainda assim um passo. Um passo para a criação de uma nova espécie, um passo para uma nova consciência do mundo e, quem sabe, um passo em direção a Deus. E apenas o tempo dirá se este passo consistirá de um passo ou um enorme tropeço.
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