A Matrix existe - A Hipótese da Simulação


Para os fãs de Matrix é fácil entender a chamada Hipótese ou Teoria da Simulação. Esta hipótese simplesmente afirma que podemos estar em um mundo ou universo simulado. Mais ainda, teoriza que há muito mais probabilidade de estarmos em uma espécie de simulação, como a simulada pela matrix, do que na realidade que cremos estar.
Em um primeiro momento, até mesmo para os fãs de carteirinha do filme, basta dois segundos para concluir que esta hipótese é bobagem pura, afinal, sabemos o que é real e, ademais, Matrix é apenas uma obra de ficção, ainda que muito bem elaborada e cheia de filosofia.
Agora advirto: os argumentos da Hipótese da Simulação não são tão fracos assim e, se você se despir de seu materialismo inato, fatalmente ficará com uma pulga atrás da orelha como Neo que sentia que algo não estava certo. Diga-se de passagem, o personagem Neo guardava seus programas hackers dentro de um livro transformado em caixa, entitulado Simulacro e Simulação, do escritor francês Braudrillard, que trata de assunto análogo.
Com o avanço da tecnologia e a proximidade da Singularidade, a Hipótese da Simulação começa a ganhar mais peso e adeptos. Só para lembrar, a Singularidade seria um momento em que nossa capacidade computacional estaria tão sofisticada e potente que não seria mais possível prever que caminho a humanidade trilharia ou, em uma outra possibilidade menos otimista, seria levada a trilhar. Ocorre que uma das razões que inviabilizavam a existência de uma simulação tão complexa era a improvável capacidade, quase infinita, de processamento necessário para tal. Essa improbabilidade já não é tão certa assim. A Lei de Moore se mostra ainda válida e funcional, de forma que a nossa capacidade de processamento apresenta desenvolvimento exponencial, ou seja, de tempos em tempos dobramos nossa capacidade processual. Neste ritmo, em cerca de trinta ou quarenta anos, talvez menos, seremos capazes de simular ambientes virtuais complexos como visto na matrix. Na verdade, se houver uma nova quebra de paradigma significativa, como ocorreu com o surgimento dos transistores e circuitos impressos, este prazo pode ser drasticamente reduzido.
Estes ambientes simulados serão utilizados em larga escala por historiadores, cientistas, escolas, entidades financeiras, institutos meteorológicos, controle de pragas, estudos humanísticos e por toda sorte de empresas e institutos que desejarão ter seus mundos virtuais para melhor atingir seus objetivos. Assim, cada um desses mundos serão habitados por criaturas humanas simuladas cada vez mais sofisticadas, com vida própria, capacidade e escolha e interação totalmente independente do mundo criado e de seus objetivos. Obviamente, se concluiria por lógica, que seria salutar para o experimento e até mesmo para as criaturas que estas não soubessem que são uma mera simulação. Nesta hipótese, o mundo real seria o nosso, contudo, para o sucesso da simulação, as criaturas também pensariam assim, senão a realidade simulada não seria tão autêntica assim. Veja que se isso de fato ocorrer, e é muito provável que ocorra, seremos privilegiados por pertencer a um "mundo real". Se assim fosse, não estaríamos nas mãos de "criaturas superiores" que criaram o nosso mundo e, de certa forma, controlariam nosso destino a seu bel prazer, visando atender a um objetivo obscuro, ao menos para nós.
Matematicamente, seríamos muito mais privilegiados, pois a chance de sermos criaturas reais e não as criaturas simuladas seria ínfimo. Perceba que até mesmo nossa simulação poderia criar outros mundos simulados. Sim, seria perfeitamente possível que nossas criaturas simuladas criassem suas próprias simulações. Afinal, elas seriam tão parecidas conosco que muito provavelmente concluiriam que a simulação traria muitos benefícios. Isso poderia ser inclusive uma das utilidades da simulação: estudar como as criaturas desenvolveriam outras criaturas e como lidariam com elas. Se seriam éticas ou tiranas, se se considerariam deuses ou se entenderiam e descobririam que são seres simulados. Assustador pensar que talvez algumas dessas criaturas virtuais, chegassem a um nível de consciência tal que concluiriam e inferissem que  eles mesmos seriam seres simulados. Nesta hipótese, faríamos tudo para que elas não se disseminassem pois isso poderia colapsar o funcionamento do mundo virtual. Lembram? Seria fundamental que as criaturas não soubessem que são seres simulados, para o bem do experimento.
Note, contudo, que apenas a possibilidade de existir estas realidades nos coloca em um dilema: e se, já estamos sendo simulados por alguma outra criatura que não deseja que saibamos disso e servimos a algum objetivo obscuro para algum estudo? Matematicamente, é extremamente provável.
Ainda assim, não é possível acreditar neste absurdo, não é? Esta hipótese é muito radical. Entretanto, aqui entra a física quântica que começa a nos fornecer dúvidas quanto a nossa realidade.
O estudo da física quântica acabou por criar conceitos, que não são compatíveis com o materialismo de nossa realidade. Veja por exemplo o experimento da fenda dupla: ele demonstrou que nossa observação influi no comportamento dos fótons ou elétrons, de forma que se os observarmos, eles se tornam uma partícula, se não, eles se comportam como uma onda, ou uma onda de possibilidades. Pior, variações do experimento da dupla fenda revelou que se observarmos o fóton depois de sua passagem na fenda, ele volta no tempo, de maneira que ficaria registrado (por um medidor previamente fixado na entrada das fendas) como uma partícula. Se não olharmos, ficaria registrado como onda. Ao que parece, a partícula perceberia se a observamos e, inclusive, registraria no passado se olharmos ou não. Nosso materialismo não aceita isso, contudo, se hipoteticamente formos uma simulação, isso não apenas faz sentido, mas explica perfeitamente o impasse. Pois em uma simulação, só haveria processamento se houvesse observação, até por questão de economia processual. Assim, apenas se interagirmos com o mundo simulado, seria acionado processamentos de dados para concretizar esta "realidade". O emaranhamento entre as partículas também constatado pela física quântica, no qual uma partícula emaranhada agiria sincronizadamente com seu par independente da sua distância, fica bem fácil de entender se imaginarmos um mundo simulado, visto que todas partículas proveriam de uma mesma fonte e toda a distância seria simulada e portanto, falsa.
Enfim, o que nos afasta de acreditar na hipótese da simulação não é mais a impossibilidade técnica da criação de tais mundos simulados. nem mesmo o surgimento de inteligencias artificiais munidos de corpos virtuais suficientemente desenvolvidos que seriam indistinguíveis de nossos corpos. O que nos afasta deste argumento também não é a matemática que dita o contrário em termos de probabilidade. De fato, o que nos afasta deste pensamento é não querer ser um ser virtual criado para um determinado fim por um ser superior. Gostamos de criar, de julgar e de ser superiores. Preferimos ser o criador e não a criatura. Gostamos de ser livres e não condicionados. Ser algo menor nos incomoda.
Ser algo que não é sequer matéria nos ofende pelo próprio conceito. Queremos ser reais. Queremos estar no topo da cadeia alimentar. Nosso ego e nossa arrogância nos impede de enxergar muitas verdades deste mundo. Quem sabe uma destas verdades não seja nosso mundo simulado?



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